Segunda parada

Saímos das ilhas Salut para conseguir internet, ligação telefônica barata e aproveitar para conhecer um pouco mais da cultura desses países do norte da America do Sul, que quase nunca ouvimos falar.

A velejada para Kouro (leia-se curú) demorou mais ou menos uma hora e no nosso rumo nos acompanharam alguns barcos com suas grandes velas brancas e um mar azul de encher os olhos.


Chegamos no domingo a tarde e fundíamos novamente em um rio, cuja variação da maré e a força da corrente eram impressionantes. A explicação para isso é porque quanto mais próximo do ponto zero da linha do Equador, maior serão as variações.

De cara não gostei muito do visual da região onde estávamos, mas fomos para terra tentar achar alguma coisa aberta. Fomos de bote até um píer próximo de onde fundíamos e de lá seguimos a pé. A região que nos estávamos era simples, e a língua local apesar de ser o francês, era difícil de entender, pois a forma com que os moradores se expressavam era bem diferente, típico da cultura crioula.


Mais uma vez, andamos, andamos e andamos até finalmente acharmos um posto Texaco. Como é bom ver marcas conhecidas nessas horas, ainda mais para um publicitário de férias. Fomos até o posto e então a primeira surpresa, eles não aceitavam dollar e não tinha local para trocar.
Ok, somos brasileiros e não desistimos nunca, né Lula?
Vamos mais adiante e achamos um supermercadinho chinês aberto. Entramos e fui ao caixa para comprar cartão telefônico e o Guilherme, claro, foi comprar cerveja. Disse para o rapaz do caixa que só tinha dollar e ele de cara me disse que não aceitava. Pensei, estamos lascados, mas não tinha o que fazer, estava tudo fechado e não sabíamos por onde mais procurar. Estava pensativo ainda em frente ao supermercado quando o chinês me chamou para entrar e tirou uma nota de 100 dollares do caixa e me perguntou se ela era original. Peguei a nota e mostrei as marcas d’água, e até pensei em fazer aquela brincadeira das dobras da cédula, que mostram as torres do World Trade Center sendo atacadas, mas não quis estragar o que poderia ser uma negociação.
Dito e feito, o chinês me agradeceu e me vendeu o cartão telefônico de 15 euros por 20 dollars. O cambio foi eu quem fiz, por isso dispensa comentários sobre a taxa utilizada…
A felicidade só não foi completa, pois o Guilherme não comprou a cerveja.

Fizemos nossas ligações, e chamamos pelo rádio a turma que ainda estava embarcada para nos encontrar no posto. Quando nos encontramos, andamos um pouco mais pela região e descobrimos que o dia seguinte era feriado na cidade e que nada abriria. Bateu um desânimo na turma, mas a esperança é que os chineses não se curvassem ao ócio coletivo e abrissem seus comércios.

No outro dia, eu, Eduardo e o Guilherme, fomos andar em busca de uma Lan House e depois de muito andar e muito sol na moleira, achamos uma birosquinha aberta próxima ao Mac Donald’s. O problema era o dinheiro, mas como todo bom chinês, negocio é a vida deles, e aos fundos da Lan House tinha um outro chinês que trocou por euros. Voltamos e aí nos deliciamos com internet. Deixei o Du e o Gui começarem pois eu sabia que eu iria demorar um pouco mais, mas só um pouco. E por esse mais um pouco de internet acabei ficando sozinho enquanto eles foram comprar diesel e água para o barco. Já estava perto de terminar quando um policial do exercito entrou no local e começou a conversar com um rapaz, como se estivesse fazendo uma batida policial. Como nós não havíamos dado entrada na imigração, pois ficaríamos somente um dia, fui logo fechando o computador e colocando tudo dentro da mochila, quando o policial me chamou. Sem pensar duas vezes, coloquei meu boné da marinha americana e respondi em inglês. Ele ficou surpreso e me perguntou se eu era da marinha e eu disse “of corse”. Então ele abriu um sorriso e disse, você está de barco aqui. Respondi que sim, estava com amigos em um catamaran de 45 pés (já para livrar minha barra).

Então o policial gentilmente me disse, te dou uma carona até o barco. Momentos de tensão e eu não sabia se aquilo era uma “prisão” gentil ou um gentil “volte para casa”.  De qualquer forma aceitei e voltei de carro e ar condicionado para o barco.


No dia seguinte, compramos mais algumas coisas e esperamos o momento certo para sairmos, rumo a Trinidad. Tudo pronto, porém a quantidade de diesel ainda não era o ideal para a última perna e se faltasse vento e precisassemos de motor, o combustível poderia faltar bem antes de chegarmos.  Toda chegada em porto é motorizada e ficar sem combustível não é algo produtivo e pode causar estresse desnecessário, por isso no próximo post contárei o que fizemos.