Lavagem e tecidos de vela

Hoje de manhã eu deixei a minha vela do Hobie Cat na Splash Lavanderia, a única que eu conheço que aceita desafios como este, lavar uma vela de dacron do HC14. O Paulo Cesar, proprietário tem muitas tecnologias, mas sem sombra de dúvidas ele aplicará a mais adequada para tirar o cinza que impregnou a vela (mofo) e pontos de ferrugem das partes da ferragem.  Eu entreguei a vela na parte da manhã e a tarde ele já havia executado o serviço, simplismente deixando a vela BRANCA COMO A ORIGINAL e perfeita para as minhas velejadas em Pirangi. Recomendo a todos do Iate Clube que ao pensar em lavar a vela, sem quebrar a fibra ou ainda rasgar, procurem a SPLASH LAVANDERIA (link no final do post).

Mudando um pouco de assunto, eu descobri um novo tecido chamado Prolam, produzido pela Alpargatas.

Tecnicamente falando o Prolam é uma ráfia de polietileno de alta densidade plastificada em ambas as faces com polietileno de baixa densidade. O peso final está perto das 200g/m.q., o que equivale, em linguagem náutica, a um tecido de 4 onças. O material é fabricado pela Alpargatas sob o nome comercial de “Lonaleve”. O nome “Prolam” foi cunhado por Lars Grael porque “lona” e “leve” são duas palavras com os quais o velejador não simpatiza. O material é branco, opaco, impermeável e extremamente resistente ao sol.
Pequenos rasgos não se transformam em enormes rombos, como no Dacron. O aspecto plastificado só se revela quando o tecido é olhado relativamente de perto. No dia-a-dia é difícil distingui-la de uma vela de Dacron.

Na prática pode-se dizer que o Prolam é tudo o que o antigo polipropileno para velas sempre quis ser e nunca conseguiu: É branco, e não translúcido; é tão ou mais macio do que o Dacron de qualidade, ao contrário do polipropileno que era muito duro; é enormemente resistente ao sol (o poli pulverizava ao sol) e, finalmente, é muito bem construído.

Divide com o velho polipropileno algumas interessantes propriedades: É barato, é impermeável e é capaz de fazer velas de EXCEPCIONAL DESEMPENHO. Mais ainda, as velas de Prolam estão mostrando que têm ótima durabilidade (já prevista, aliás, em função de experiências anteriores com a Lonaleve original, colorida).

Há inconvenientes? Há sim. Mas são poucos e contornáveis. São eles três:

1) O Prolam é vendido (até agora) em apenas um peso específico (4 onças). É evidente que a construção de velas de qualidade exige da veleria alguns recursos técnicos importantes. Sem entrar em muitos detalhes, os mais relevantes são o uso de partes duplas ou triplas e o emprego de reforços radiais de grandes dimensões. A vela de Prolam bem construída pesa quase o mesmo ou um pouco menos do que uma boa vela de Dacron que cumprisse função equivalente.

2) Como toda ráfia (e similarmente aos tecidos exóticos como Mylar, Kevlar, etc) também o Prolam EXIGE o uso de layouts de painéis radiais. Velas com tecidos paralelos só são admissíveis em raros casos e sempre em velas de muito pequena área (Optimist)

3) Bainhas, reforços, bolsas de tala, tralhas e outros elementos de
acabamento precisam ser feitos de Dacron ou de material similar. Neste
ponto o Prolam não se distingue dos materiais exóticos que também exigem acabamento com tecidos convencionais. Reforços e acabamentos mal concebidos reduzem drasticamente a durabilidade de uma vela de Prolam que, se bem construída, dura MUITO mais do que uma de Mylar ou de Kevlar.

Qual a moral dessa história? É que hoje já se pode contar com uma
alternativa confiável às velas de Dacron, tanto do ponto de vista de
desempenho quanto do ponto de vista de durabilidade. O desempenho é melhor ou igual ao das boas velas de Dacron. A durabilidade pode não chegar aos 10 ou 15 anos mas o preço, muito mais baixo, compensa.

Ademais, a troca de velas a cada cinco ou seis anos permite que o velejador se mantenha atualizado em relação aos avanços técnicos que interessam tanto ao cruzeirista quanto ao velejador de regata.

O preço de uma BOA vela de Prolam é de aproximadamente a metade do preço de uma BOA vela de BOM Dacron. As maiúsculas nas palavras boa e bom têm a sua razão de ser. É que se vem impingindo ao velejadores brasileiros velas de mau Dacron (ainda que importado), além do mais mal confeccionadas. Essas velas podem não ser muito mais caras do que uma vela de Prolam adequadamente construída. Mas são uma péssima compra porque não darão ao barco desempenho nem serão duráveis. Quase todos já viram velas de Dacron assim. Bola preta para elas! A BOA vela, de BOM Dacron, continua sendo relativamente cara. Não há como fugir disso por conta do elevado preço do Dacron de qualidade, isso sem falar nos custos de nacionalizar o tecido, sempre importado e do próprio custo brasileiro na confecção da vela.

A Cognac Velas (Elvström Sails Brasil) já fez mais de 500 velas de Prolam nos 20 meses que se passaram desde o lançamento do material na cor branca.

Referências:
Splash Lavanderia
Velas Cognac

Publicado por

bcarratu

Fundador da Carratu Digital, especialista em Inbound Marketing, com um pé em SEO e outro em Google Ads. Tudo o que for desafiador, se torna mais apaixonante.

5 comentários em “Lavagem e tecidos de vela”

  1. Bira as velas dos barcos do Alexandre normalmente são de Prolan, inclusive apesar de não ser recomendado para aquele tamanho de vela as do Oceanide tambem são.
    Espero ter ajudado novamente
    um abraço

  2. Muito bom este post. Para nós velejadores de HC é muito importante estas informações. Sou de Brasília

  3. Gostei de saber desse novo produto para fabricação de velas sem depender de importação. Mário São Pedro da Aldeia/RJ

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